segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sou só eu que acho isto estranho?

O treinador do U.Leiria, Pedro Caixinha, decidiu não convocar dois titulares absolutos da sua equipa por opção técnica. Nem para o banco foram. É estranho? Muito.
Mas agora, não sei se é situação unica uma equipa ir jogar ao Dragão e fazer a primeira falta no jogo aos 22 minutos!!! A primeira falta quando já estavam a perder 2-0. Estes primeiros 22 min foram um autentico passeio!!!
Parecia um jogo entre amigos, ou um estilo de jogo treino.
Nunca vi uma equipa ter uma atitude tão pacifica no jogo como teve este Leiria.
Incrivel

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

benfica- Lyon

O que dizer deste jogo que acabou há pouco menos de 5 minutos?
o que se esperava desde o jogo da taça uefa da epoca passada em liverpool!
faltam "tomates" e experiência nos jogadores do benfica a jogar no estrangeiro e champions contra equipas do nosso campeonato!
falta pautar o jogo!
falta acalmar o ritmo!
o benfica não tem de atacar sempre!
o benfica não PODE PRESSIONAR SEMPRE ALTO!
não pode pensar que joga sempre contra o Arouca!
é verdade que não é um jogo que se define se um jogador é bom ou não. mas a verdade é que o primeiro golo surge de um erro DAQUELES! do Martins! virar-se como ele se virou com o David Luiz + Luisão atrás é infatilidade porra, nao jogamos com o arouca!
O meio campo foi um verdadeiro buraco! jogar com o Airmar na linha foi um erro! o martins tinha de jogar na linha! como sempre jogou com o Aimar!

A defesa esteve muito bem!
é verdade que aos 51, tar a perder 2-0 com 10 é complicado, mas o jogo não tá perdido! porra, é preciso garra e fibra c*)$'! o Jara aos 80 e qq coisa minutos perde uma bola e não corre mais? tá a ganhar ou que?
faltou muita fibra! faltou sentir a camisola! faltou ser do benfica a muita gente!
mais uma vez o Coentrão jogou muito bem e...
podesse tirar o chapéu a Roberto, fantástico!

que ganhem mais garra para os próximos 3 jogos na champions!


ps. o que queria era um benfica como o tottenham com 10 gajos desde os 12minutos perderam 4-3 contra os campeões europeus...a levarem 4-0 ao intervalo!
garra , luta, paixão pela camisola que vestem....e digamos...respeito pelos adeptos(emigrantes do benfica e de Portugal) que acreditam mais do que qualquer jogador que a ganhar no relvado é possivel!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Andam por aí umas t-shirts muita giras


Terá a ver com o quê?

Vou ver se eles podem substituir no Futebol Português por Futebol Clube do Porto. Mas é mesmo só para ver se eles podem... porque eu não vestia essa merda...

Porreiro era se eles fizessem uma a dizer

"jantar"
a distribuir porrada desde 1984

Em vez da gaja, a cara do bexiga.


Nota: Com o alto patrocínio da UEFA.

Nesta não acrescentava nada, nem tirava. Está perfeita!

Muito bom...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Apenas para deixar um link




http://www2.theuglydance.com/?v=itnbmbdxs5


Abraços


Pronto, pronto...

Deixo também um vídeo:



Abraços



Ok, tá bem, fica o flyer que deu origem à festa:


Ganhar, não ganham nada, mas fazem a festa na mesma!

Sporting Clube da Anedota

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As escutas.. (por Ricardo Araujo Pereira)


“Obviamente, o João pode ser o João não podia ter sido nomeado para este jogo” 
Rui Moreira, A Bola, 13 de Agosto de 2010

Embora quase ninguém tenha dado por isso, há cerca de dois meses foi cometido um crime nestas mesmas páginas. Não é segredo para ninguém que a divulgação do conteúdo das escutas é proibida. Ora, quando usou a expressão o João pode ser o João, Rui Moreira estava, como se sabe, a citar propositadamente uma escuta em que intervém o presidente do Benfica, publicitando o seu conteúdo. Trata-se de um comportamento completamente inaceitável e extremamente pidesco. E vice-versa. Pela minha parte, devo dizer que não participo em autos de fé, e não posso continuar a colaborar passivamente num jornal que se transforma num auto de fé. Não tenho, por isso, outra alternativa senão abandonar esta crónica durante dois parágrafos.

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Creio que a minha posição ficou clara, e espero que esta atitude simbólica contribua para moralizar o debate futebolístico e o próprio mundo em geral. Lamento ter chegado a este ponto, mas o caso é mais grave do que parece: Rui Moreira é reincidente neste tipo de conduta vergonhosa. No dia 26 de Fevereiro de 2010, o jornal i colocou a várias personalidades a seguinte pergunta: Depois dos episódios recentes relacionados com as escutas e o caso Face Oculta, mantém a confiança no primeiro-ministro? A resposta de Rui Moreira foi: «O primeiro-ministro tem que ser um factor de confiança perante o exterior e agora acho que passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior». Sei que o leitor está tão chocado como eu. Rui Moreira não faz qualquer comparação entre a Santa Inquisição e as escutas (que todos os historiadores acham parecidíssimas), não condena os bandidos que as publicaram, nem se demarca da porcaria, da canalhice e da insídia. Não só conhece as escutas como as comenta, tendo mesmo o descaramento de tirar conclusões com base no seu conteúdo. Repugnante. Quando é que esta gente compreende que, nisto das escutas, tudo é indigno (menos o que lá é dito)? 

Entretanto, parece que houve problemas no Trio d'Ataque, da RTPN. Não costumo assistir mas, ao que me disseram, um dos representantes do Porto no programa abandonou o estúdio — o que acabou por beneficiar o clube. Segundo ouvi dizer, a cadeira vazia teve, no resto do debate, uma postura mais sensata e digna do que o seu ocupante habitual costuma ter. Até nisto têm sorte, os portistas. Evidentemente satisfeitos com a nova representação, os responsáveis da SAD do Porto emitiram um comunicado no qual afirmam que o clube «não apoiará qualquer sócio ou adepto que venha a ser enquadrado como representante do clube, nem lhe prestará qualquer tipo de informação, pelo que todas as suas posições serão sempre pessoais» Na tentativa de manter a excelente cadeira como representante, o Porto decreta um blackout preventivo a um possível futuro comentador. Percebo a intenção, mas gostava que a RTPN arranjasse um substituto. Sem desprimor para os porta-vozes oficiais, seria refrescante ver um comentador do Porto cujas posições fossem, desta vez, sempre pessoais. 

OS adeptos de futebol assistiram , na semana que passou, a um fenómeno meteorológico interessante. Todos conhecíamos o fogo-de-santelmo, uma luz provocada por descargas eléctricas na atmosfera, observada frequentemente pelos marinheiros. Parece mesmo fogo, mas não é. «Vi claramente visto o lume vivo», diz Camões n’Os Lusíadas. Esta semana, Portugal conheceu o penalty de Santelmo. Vi claramente visto o penalti nítido, teria dito o poeta, se tivesse escrito a epopeia do futebol português (e em hendecassílabos). De facto, na segunda- feira, o penalty era claríssimo. «São muitos dos meus jogadores a dizerem que é demasiado claro», declarou Villas-Boas. Apelou a que toda a gente metesse pressão na TVI para mostrar as imagens que, por capricho ou conspiração, se recusava a transmitir. «77:53!», bradava o director de comunicação, sem que se percebesse ao certo se estava a indicar um minuto do jogo ou um versículo da Bíblia que anunciava que o fim estava próximo para todos os que não vissem o penalty. As imagens, por manifesta má vontade, é que teimavam em não mostrar nada. Passou um dia. Deve ter havido reuniões. Que fazer? Atacar a credibilidade das imagens? Se as escutas não podem ser aceites como meio de prova, era o que faltava que as imagens pudessem sê-lo. Não, está muito visto. Não havia alternativa: era mesmo preciso fazer um mea culpa. Afinal, 24 horas depois, as buscas terminaram e o penalty não apareceu. O que era claríssimo passou a inexistente. Pois bem, devo dizer que não concordo. Na minha opinião, André Villas-Boas tinha razão na segunda-feira à noite. O lance que ocorre aos 77 minutos e 53 segundos do Guimarães - Porto é mesmo penalty. Trata se de uma jogada em que nenhum jogador adversário comete qualquer infracção às leis do jogo. Normalmente, é o que basta para ser penalty a favor do Porto. Há jurisprudência neste sentido. As regras do futebol são uma coisa, a tradição é outra. Um jogo em que o árbitro se limita a perdoar um penalty ao Porto e a protelar a expulsão do Fucile durante vários minutos continua a ser um escândalo, e não há imagens que me convençam do contrário.

No final do jogo, nem todas as declarações foram absurdas. «Vou ficar atento para saber se este árbitro vai de férias», avisou Pinto da Costa. Ora até que enfim. Não foi precisamente por falta de atenção às férias dos árbitros que certas facturas da Cosmos que foram pagas por engano? Pode ser que alguma coisa esteja a mudar.



Adenda:
"Rui Oliveira e Costa diz que as escutas são tortura. Tortura é escutar ROC, que é capaz de passar uma hora a discutir se o árbitro errou ou não, e dizer que não se pronuncia quando se descobre a razão pela qual o árbitro errou. " por José Diogo Quintela.
Vá lá que há mais um a não achar nada disto normal...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Adivinha (não é dificil...)

............  sobre as escutas do apito dourado:

«Recuso-me a participar num auto-de-fé. Para mim estas escutas são ilegais e não admito participar em algo desta natureza»


............. sobre as escutas do Sócrates:

«O primeiro-ministro tem que ser um factor de confiança perante o exterior e agora acho que passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior»




Qual é a pessoa que fez estes comentários?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ministro que é ministro...

Tanta coisa podia ser dita....

Prefiro olhar, apenas olhar e ver o desplante...


O que interessa é não haver gangas...

domingo, 3 de outubro de 2010

É este o nosso futebol

Não querendo falar das escutas, porque elas são claras como a água, aqui fica um belo apanhado do que tem sido o nosso futebol.
Fonte avedetadabola.blogspot.com


Fica pois aqui, de A a Z, a memória de duas décadas de mentira:
A de ACÁCIO – Pouca gente se lembrará deste nome. Trata-se de um guarda-redes brasileiro que passou com discrição pelo Tirsense e pelo Beira Mar, e que só depois de regressar ao Brasil tomou a liberdade de falar sobre a sua aventura europeia. Confessou então que recebera pressões e propostas diversas para facilitar uma vitória do F.C.Porto em Aveiro, que valia (e valeu) o título nacional de 1993. O caso foi pouco falado, vivia-se ainda um clima de medo pré-Apito Dourado. Mas a recordação das suas declarações e desse campeonato permanecem bem vivas no meu espírito. Só não sei se foi nessa ocasião que, também em Aveiro, o jornalista Carlos Pinhão foi barbaramente agredido por elementos ligados ao F.C.Porto.
Uns anos antes havia sido o belga Cadorin, avançado do Portimonense, a acusar o empresário Luciano D’Onófrio de lhe prometer um bom contrato (em Portugal ou no estrangeiro), caso fizesse um penálti nos primeiros minutos de um Portimonense-F.C.Porto (“depois jogas normalmente”, ter-lhe-á dito). Com a saída do belga do futebol português, o caso acabou por morrer.
B de BENQUERENÇA – Olegário Benquerença protagonizou duas das mais escandalosas actuações da arbitragem portuguesa dos últimos anos. Na Luz, em Outubro de 2004, dois meses antes da detenção de Pinto da Costa, o árbitro leiriense e o seu assistente Luís Tavares foram os únicos que não viram (mais alguns que não quiseram ver…) uma bola rematada por Petit ser retirada de dentro da baliza portista por um desesperado Vítor Baía. No mesmo jogo já havia feito vista grossa a uma claríssima grande penalidade de Seitaridis sobre Karadas (que daria expulsão do grego no início da segunda parte), e mostrado um vermelho injusto a Nuno Gomes, que havia sido barbaramente agredido por Pepe. Um ano depois, em jogo da Taça de Portugal, foi o Sporting a vítima deste benemérito portista de longa data. Com mais uma exibição de “luxo”, Benquerença colocou os leões fora da Taça, poupando penáltis, e expulsando jogadores até achar necessário. Já antes de 2004 era um árbitro polémico, com arbitragens invariavelmente favoráveis aos portistas. Talvez por isso viu as portas de uma carreira internacional de sucesso serem-lhe escancaradas e, não se sabe bem como, poderá até estar no Euro 2008.
C de CALHEIROS – Os irmãos Calheiros – quem não se recorda dos gémeos e barbudos fiscais de linha, ladeando Carlos, o irmão mais velho – foram umas das muitas figuras sinistras da arbitragem portuguesa da década de noventa. Recordo particularmente um inacreditável penalti assinalado nas Antas por suposta falta de Mozer no empate 3-3 de 1993-94, bem como um jogo em Aveiro, na época anterior, concretamente na tarde soalheira de 16-5-1993, em que expulsou Yuran e Pacheco por supostas palavras, possibilitando a vitória ao Beira Mar, e dando o título ao F.C.Porto - que à mesma hora via um tal de Marques da Silva, do Funchal, expulsar estranhamente dois jogadores do Desp. Chaves e assinalar um penálti escandaloso que lhe permitiu virar o marcador para de 0-1 para 2-1 na difícil visita a Trás-os-Montes, quando águias e dragões seguiam, a três jornadas do fim, empatados em pontos. Mais do que essa e outras actuações, sempre em benefício dos mesmos, este trio ficou famoso pela célebre viagem ao Brasil, feita através da agência de Joaquim Oliveira, e paga pelo F.C.Porto. A investigação deste caso nunca foi devidamente feita. Com a PJ do Porto e o próprio MP aparentemente alinhados com o sistema, foi difícil durante muitos anos (e continua a sê-lo) avançar pelos caminhos da verdade.
Ao pé destes meninos, Calabote era possivelmente apenas um ingénuo aprendiz – e diga-se que o suposto e empolado caso Calabote, nos anos cinquenta, redundou apenas num título para o…F.C.Porto.
D de DUDA – Foi um dos meus primeiros contactos com a suja realidade do futebol português das últimas décadas. Jogava-se, já em plena segunda volta, a liderança do campeonato numa tarde chuvosa na Luz – foi este o célebre jogo em que Toni saiu a chorar por ter involuntariamente partido a perna de Marco Aurélio. O Benfica vencia por 1-0 desde os primeiros minutos com um golo de João Alves, mas já na ponta final do desafio, em recarga a um livre defendido por Bento, o brasileiro Duda em claríssimo fora de jogo empatou a partida. O F.C.Porto de Pedroto, e já com Pinto da Costa no departamento de futebol, seria campeão.
No ano antes, já o F.C.Porto tinha alcançado o título através de um livre duvidoso à entrada da área, que lhe possibilitou por intermédio de Ademir o empate (1-1) frente ao Benfica nos últimos minutos de um jogo nas Antas, em que estivera em desvantagem desde o terceiro minuto com um auto-golo de Simões, e em que se vira a barra devolver uma bola cabeceada por Humberto Coelho. Bento fora expulso na jornada anterior, jogando Fidalgo na baliza encarnada. Era o início de uma longa e podre história.
E de EXPULSÕES – A dualidade de critérios nos jogos do F.C.Porto foi desde os anos setenta uma constante. Todo o anti-jogo lhes foi sempre permitido (recordo por exemplo os empates a zero na Luz em 1989, 1990 e 1993), as agressões de Frasco, Fernando Couto, Paulinho Santos e Jorge Costa raramente foram punidas – este último quando se sentia pressionado atirava-se para o chão e punha assim fim aos lances -, mas aquilo que talvez tenha sido o emblema desta realidade foram as sistemáticas expulsões de jogadores encarnados sempre que jogavam frente aos portistas. Nos últimos vinte anos foram mostrados 23 (!!!) cartões vermelhos a jogadores do Benfica em clássicos com o F.C.Porto para todas as competições. A saber, e por ordem alfabética: Abel Xavier 94-95, Dimas 94-95, Eder 02-03, Escalona 99-00, Hélder 94-95, Isaías 91-92, João Pinto 94-95, 97-98 e 98-99, Miguel 02-03, Mozer 92-93, Nuno Gomes 04-05, Nelo 94-95, Pacheco 88-89, Ricardo Rocha 02-03 e 03-04, Ricardo Gomes 95-96, Rojas 99-00, Rui Bento 91-92, Tahar 96-97, Vítor Paneira 94-95, Veloso 87-88 e Yuran 92-93. Para se ter uma ideia da força deste número, digamos que nos oitenta anos de história anteriores (1907 a 1987) foram expulsos apenas 10 jogadores do Benfica em jogos com o F.C.Porto, ou seja, em apenas vinte anos foram expulsos mais do dobro dos que haviam sido em toda a restante história do futebol português. Este tem sido um aspecto fulcral da perseguição ao Benfica e da protecção ao F.C.Porto, e que muitas vezes impediu outros resultados, nomeadamente a norte, onde a maioria daquelas expulsões teve lugar. Por vezes foi também em vésperas de deslocações às Antas que as expulsões cirurgicamente ocorreram. Foi o caso de Preud’Homme,em 1995-96, e Miccoli no ano passado, curiosamente dois grandes jogadores que nunca haviam sido expulsos em Portugal, e nunca voltaram a sê-lo depois dessas ocasiões.
Também os penáltis marcados a favor do F.C.Porto e subtraídos ao Benfica foram uma constante nas deslocações às Antas (por exemplo 89-90, 92-93, 93-94 no primeiro caso; 91-92 no segundo). Mas até na Luz, em jogo decisivo para o título de 1991-92 isso aconteceu, com o marcador a ser aberto já a meio da segunda parte num lance fora da área entre Rui Bento e Rui Filipe, que valeu o primeiro golo portista e a expulsão do benfiquista. O F.C.Porto, a jogar contra dez, venceria por 2-3. O árbitro era Fortunato Azevedo, que já na primeira volta subtraíra uma grande penalidade ao Benfica e expulsara Isaías, em jogo que terminou empatado a zero.
Os golos anulados a Kandaurov em 1997-98, e Amaral em 1994-95, além do caso Benquerença em 2004-05, também são dignos de figurar neste negro registo de clara e inequívoca parcialidade. Sem falar nas célebres defesas de Vítor Baía fora da área, sem cartão nem punição.
F de FAMALICÃO – Foi um dos muitos escândalos da era Lourenço Pinto/Laureano Gonçalves (fim de oitentas princípio de noventas) – a pior de todas na arbitragem portuguesa. Com o campeonato de 1992-93 ao rubro, o F.C.Porto deslocou-se ao então difícil recinto do Famalicão. Quase seis minutos depois da hora, o árbitro José Guimaro - mais tarde condenado por corrupção no caso Leça - arquitectou um absurdo penálti para dar a vitória ao F.C. Porto. João Pinto converteu e o F.C.Porto, com estas e outras (ver Acácio e lembrar o penálti de Rui Bento sobre Rui Filipe na Luz), alcançou um dos títulos mais nebulosos da história do futebol português.
G de GERALDÃO – O central brasileiro Geraldão, bem como o lateral esquerdo internacional Branco, eram especialistas na cobrança de livres directos. Como tal, as arbitragens mostravam-se extremamente zelosas sempre que algum jogador portista caía nas imediações da área (e eram muitos a fazê-lo de forma deliberada), assinalando de pronto livres que frequentemente acabavam em golos. O F.C.Porto do início da década de noventa venceu muitos jogos assim. Recordo um Benfica-F.C.Porto de 1990 em que foi assinalada perto de uma dezena de livres nas imediações da área encarnada, quase todos simulados. Por sorte, nesse dia Geraldão estava com a pontaria desafinada, e o resultado acabou em branco. Mas o título voou para norte…
H de HILÁRIO – Tal como Acácio e Cadorin, o agora guarda-redes do Chelsea foi outra das figuras sobre a qual se ouviram rumores de possível suborno ou pressão quando defendia, por empréstimo do F.C.Porto, as redes do Estrela da Amadora. Neste caso não foi o próprio a assumir, mas sim terceiros a acusar. Foi uma história que também acabou por morrer nos silêncios do medo. Nos últimos anos falou-se também de Rolando do Belenenses, eternamente apalavrado com os dragões.
Ao longo dos últimos tempos muitos têm sido também os jogadores emprestados pelo F.C.Porto a clubes da primeira divisão (situação que deveria ser proibida), conseguindo com isso atirar algum charme para cima dos seus dirigentes - sempre conveniente na hora das contratações - e simultaneamente amaciar adversários. Durante muitos anos os clubes da Associação de Futebol do Porto (Leça, Leixões, Tirsense, Penafiel, Varzim, Rio Ave, Salgueiros, Paços de Ferreira, etc) foram a este nível verdadeiros parceiros do F.C.Porto na sua rota rumo ao domínio, a bem ou a mal, do futebol português. Isso notava-se com clareza nos resultados e nas exibições. E de certo modo ainda nota, caso estejamos bem atentos.
Nesta mesma edição da liga, o F.C.Porto tem jogadores emprestados a Sp.Braga, Belenenses, Leixões, V.Guimarães, V.Setúbal, Académica e E.Amadora. Também U.Leiria e Marítimo têm tido relações privilegiadas com os dragões, sem contar a Liga de Honra, território quase todo submerso na rede de interdependências criada pelo F.C.Porto e seus próximos, ou não tivesse sido ela criada mesmo para esse efeito. O Alverca foi filial do Benfica (embora depois tenha servido para retirar jogadores como Deco da Luz e vender-lhe monos a preços de luxo), mas a satelização de clubes da primeira divisão tem sido ao longo dos anos uma das armas do F.C.Porto. Alguns clubes chegaram a receber quase meia equipa emprestada pelos dragões. Refira-se ainda que a quantidade de treinadores ex-jogadores portistas, conotados com o F.C.Porto e imbuídos da cultura do clube, orientando clubes da liga principal nos últimos anos, é extraordinariamente vasta: Carlos Carvalhal (que ainda na Taça da Liga festejou um golo virando-se para o banco encarnado e gritando f....s d. p...), Carlos Brito, Jaime Pacheco, Jorge Costa, Domingos Paciência, António Sousa, António Conceição, José Mota, Augusto Inácio, Eurico Gomes, Octávio Machado, António Oliveira, Rodolfo Reis, Paulo Alves, José Alberto Costa, para referir apenas os que me vêm no imediato à memória. Se em muitos destes casos seria injusto especular acerca do menor empenho das equipas, percebeu-se quase sempre, por exemplo nas flash-inteviews, um pudor extremo em falar de arbitragens nos jogos contra os dragões, e uma fúria incontida caso os supostos prejuízos se dessem com outros clubes, designadamente o Benfica.
I de ISIDORO RODRIGUES – Este árbitro viseense foi um verdadeiro Benquerença da década de noventa. Muitos foram os jogos em que beneficiou o “seu” F.C.Porto, e sobretudo aqueles em que prejudicou o Benfica, bastas vezes sem sequer se preocupar com as aparências. Recordo com particularidade um Benfica-Boavista (1995-96) em que Isidoro virou o resultado quase sozinho, expulsando três jogadores do Benfica (entre os quais João Pinto), assinalando um penálti fantasma e validando um golo em fora-de-jogo; bem como um Varzim-Benfica para a primeira jornada de 2001-02, em que o árbitro só apitou para o final do jogo quando o Varzim chegou ao empate, nove (!!) minutos depois da hora, e já depois de ter expulsado os benfiquistas Cabral e Porfírio, e marcado o penáltizinho da ordem, começando a liquidar desde logo as aspirações benfiquistas numa época em que muito apostavam (contratações de Simão, Drulovic, Zahovic, Mantorras etc).
J de JOÃO ROSA – Estava-se em 1985-86 e o campeonato seguia animado com a luta Benfica-F.C.Porto na frente da tabela. Este árbitro eborense foi nomeado para um Salgueiros-Benfica, no qual acabou por apenas não meter a bola dentro da baliza dos da Luz com as suas próprias mãos. De resto fez tudo para o Benfica perder pontos, acabando por “conseguir” um empate a um golo. O sistema estava a atingir o auge dos seus tempos mais tenebrosos.
Outro Rosa, mas este Santos (embora apenas de nome…), foi também figura de proa do sistema que construiu a hierarquia do futebol português que hoje temos. Uma vez em Loulé, permitiu a marcação de um livre sem ter apitado nem os jogadores algarvios terem formado barreira. Esse lance valeu uma eliminatória da taça para o F.C.Porto. Hoje continua a fazer alguns favores aos dragões, comentando arbitragem no jornal “O Jogo”.
K de KANDAUROV – Seria necessário muita pesquisa ou imaginação para encontrar na história do desporto-rei um golo anulado tão limpo como o que este médio ucraniano marcou no Estádio das Antas em 1997-98, num jogo que poderia dar novo rumo a esse campeonato. O F.C.Porto venceu por 2-0, golos de Artur, depois de se ver dominado na maior parte do tempo, fruto, sobretudo, de uma grande exibição de Poborsky, que se estreava de águia ao peito. Uma arbitragem ultra-tendenciosa de António Costa não permitiu a vitória encarnada.
Outro golo limpo anulado igualmente célebre foi na Supertaça de 1994-95, também nas Antas (onde, assim, se tornava naturalmente difícil marcar), ao extremo campeão de Riad, Amaral. Isto para não falar uma vez mais em Benquerença.
L de LOURENÇO PINTO –O advogado de Valentim Loureiro no início do caso Apito Dourado, o homem que avisou Pinto da Costa das buscas a sua casa e lhe permitiu a fuga, foi, por surreal que pareça, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF no início dos anos noventa, por indicação (claro!) da Associação de Futebol do Porto, presidida por o recentemente falecido Adriano Pinto, e que, sendo maioritária, pôde sempre optar por manter na sua “posse” aquele “precioso” instrumento, em detrimento até mesmo da própria presidência da FPF (que deixava para Lisboa, mas que praticamente só tratava da selecção nacional). Os seus tempos foram dos piores da história da arbitragem portuguesa e valeram vários títulos ao F.C.Porto, que tão bem protegido nem precisava de jogar muito para vencer. Com equipas onde pontificavam Vlk, Bandeirinha, Tozé, Paulinho César, Kiki, Raudnei, Barriga ou António Carlos, conseguiu vencer campeonatos ao Benfica de Paulo Sousa, Rui Costa, João Pinto, Vítor Paneira, Futre, Isaías, Mozer etc. Lourenço Pinto teve pois o efeito de um verdadeiro Maradona no campeonato português. Laureano Gonçalves e Fernando Marques seguir-lhe-iam o exemplo. Sobre Pinto de Sousa não é necessário acrescentar muito mais aquilo que tem sido veiculado no âmbito do Apito Dourado.
O caso Francisco Silva – que se terá autonomizado do sistema, depois de ser um dos seus principais interpretes – é algo que merecia ser melhor estudado e investigado, e no qual talvez se encontrassem algumas das origens de todo este tenebroso caminho. O juiz algarvio terá sido, nas suas próprias palavras, “tramado” por Lourenço Pinto - certamente por saber demais -, vendo-se assim irradiado da arbitragem. Recorde-se que foi apanhado com um cheque na mão num balneário de Penafiel.
M de MAIA – Quando vejo toda a polémica em torno do Estoril-Benfica de 2005, disputado no Algarve, e me lembro da quantidade de jogos que o F.C.Porto disputou fora de casa na…Maia, até me dá vontade de rir. Com o pretexto das transmissões televisivas – negociadas pela Olivedesportos – o Estádio Municipal da Maia, um bocadinho mais perto das Antas que o Algarve da Luz, serviu para diversas equipas “receberem” o F.C.Porto. Os resultados eram óbvios, e suponho que os portistas nunca tenham perdido um ponto que fosse nessas “deslocações”. Com Damásio na presidência do Benfica, estes eram aspectos que passavam totalmente em claro. Pinto da Costa e o F.C.Porto agradeciam. Foram os anos do “penta”.
N de NORTE – O povo do norte tem sangue na guelra. Para o melhor o para o pior. Nas Antas, por exemplo, não eram só os jogadores e os árbitros que tinham de enfrentar a pressão de figuras como o Guarda Abel (que exibia armas em pleno túnel de acesso aos balneários), ou os simpáticos “Super Dragões”. Também os jornalistas sofreram na pele sempre que revelaram a coragem de afrontar o super-poder tentacular e mafioso que por ali reinava. Lembro-me de um célebre F.C.Porto-Nacional, em que foram os próprios repórteres televisivos a serem objecto da fúria dos adeptos, sem que ninguém lhes tivesse valido, qual território sem lei, qual fanatismo elevado aos máximos limites .
Fala-se também aqui da agressão a Carlos Pinhão, das ameaças de morte a João Santos e Gaspar Ramos, e podia-se falar das agressões a Marinho Neves, a Ricardo Bexiga, a Rui Santos e a muitos outros anónimos que, como inclusivamente eu próprio, já foram objecto de ameaças várias.
Noutras modalidades, esta pressão intimidatória tem sido e continua a ser uma das armas dos dragões que, ao contrário do que se passa em Lisboa, parecem contar no seu território com forças policiais domesticadas (para além do MP, da PJ, também a PSP lá parece funcionar de forma diferente). No Hóquei em Patins já caíram petardos na cabeça de jogadores do Benfica, sem que tivesse acontecido nada. No Basquetebol ainda no ano passado houve distúrbios que passaram impunes.
O ódio a Lisboa foi sempre uma matriz de Pinto da Costa e do seu F.C.Porto, mistificando o facto de haver muitos benfiquistas no norte, e o Benfica não ser, longe disso, representativo exclusivo da capital portuguesa, onde existem dois clubes grandes. Na verdade, esse ódio – de consequências por apurar na coesão do nosso pequeno país – não foi mais que um instrumento de aglutinação de tropas e manutenção e endeusamento de um poder com laivos fascizantes quanto ao seu fanatismo. Isto virou-se sempre contra a selecção nacional, a qual foi amplamente penalizada pelo desprezo e/ou instrumentalização de que foi alvo. Até chegar Scolari.
O de OLIVEIRAS – Juntamente com o irmão António, Joaquim Oliveira foi elemento determinante na consolidação do poder portista. Ainda hoje o clube da Luz tem as suas transmissões televisivas extremamente sub-avaliadas, face à popularidade e audiências de que desfruta. Faz-me alguma confusão Joaquim Oliveira ser accionista de referência da SAD benfiquista, e ninguém se preocupar muito com isso.
Já o irmão António (o do caso Paula, dos carimbos falsificados no caso N’Dinga, e das polémicas do Coreia-Japão), ex jogador e treinador do clube portista, protagonizou em 1992 um episódio curioso e revelador. Treinava o Gil Vicente e na primeira volta, nas Antas, fez entrar um tal de Remko Boere a um minuto do fim com o resultado em branco. Esse jogador, que quase nunca havia jogado na equipa, nesse minuto apenas fez um penálti caricato e recebeu ordem de expulsão. O F.C.Porto venceu 1-0. Na segunda volta, em Barcelos, com o F.C.Porto já campeão, o Gil venceu por 2-1 e salvou-se da descida à segunda divisão. Tudo em família portanto…
P de PROSTITUTAS – Já muito antes de rebentar o Apito Dourado se ouvia falar de orgias de prostitutas com árbitros. Até na segunda divisão isso acontecia, e quem conheça pessoalmente alguém ligado à arbitragem facilmente perceberá do que estou a falar. Marinho Neves também já havia falado dessa realidade, muitos anos antes de António Araújo entrar no mundo do futebol, e de se ouvir falar em Apito Dourado.
O envolvimento com prostitutas é uma forma de pressão extremamente eficaz. Se por um lado premeia e vicia, por outro permite sempre chantagear, mantendo nas mãos, quais marionetas, quem por uma vez cai nessa rede, nomeadamente através de câmaras de filmar ocultas. Estando muitas das casas de alterne da zona do grande Porto ligadas a Reinaldo Teles, é fácil perceber a potencialidade deste esquema.
Q de QUINHENTINHOS – Por falar nele, Reinaldo Teles tem passado estranhamente pelo meio dos pingos da chuva do processo Apito Dourado. Mas foi ele que apareceu ligado ao célebre caso dos “quinhentinhos” em finais dos anos noventa, numa conversa ouvida no âmbito do caso Guímaro, e que nunca foi devidamente esclarecida. Outro dos casos que se perderam na impunidade com que toda esta temática se debateu ao longo dos anos. Sobre ele, há também quem diga que parte do dinheiro da venda de Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira foi para pagar dívidas pessoais no casino de Espinho. Mas isso são contas de outro rosário e pouco interessam ao caso.
R de RAÇA – A equipa do F.C.Porto sempre foi admirada pela sua raça, mas algumas foram as vozes que, à boca pequena, se referiram à natureza dessa “raça”. Luciano d’Onofrio, o bruxo “brasileirinho” e sobretudo o Dr.Domingos Gomes, talvez saibam mais do que a generalidade dos adeptos acerca da capacidade competitiva com que os jogadores do F.C.Porto sempre se apresentaram em campo, mesmo quando muitos deles não apresentavam os mesmos índices, nem pela selecção, nem quando saíam para outros clubes. O Dr. Domingos Gomes era, e é, um dos grandes especialistas europeus em (anti) dopagem, e os jogadores portistas tinham, nos anos noventa, fama de levar frascos dentro dos bolsos do roupão, já cheios, para o controlo anti-doping.
S de SPORTING – Sempre me pareceu incompreensível o posicionamento do Sporting em toda esta história. O clube de Alvalade sempre se queixou, e muito,das arbitragensm, nunca percebendo, ou não querendo perceber, onde estava realmente a origem do problema. Apenas Dias da Cunha pareceu a dado passo ter entendido tudo, mas acabou escorraçado da presidência do clube, muito fruto de um pacto que estabelecera com o Benfica a este propósito, e que foi muito mal aceite em Alvalade pelos ortodoxos da rivalidade lisboeta.
O Sporting, seus adeptos, e muitos dos seus dirigentes, na cegueira de uma fratricida rivalidade com o Benfica, sempre olharam de lado tudo o que se pudesse parecer com corrupção, mas não envolvesse o clube da Luz. Se o Apito Dourado tem atingido o Benfica, outro galo certamente cantaria, pois ferir o Benfica era tudo o que muitos sportinguistas mais quereriam, mesmo não tendo o clube da Luz vencido mais que um campeonato nos últimos catorze anos. Sendo com o Porto, pouco lhes pareceu interessar. Aliás, suspeito que cada vez mais as vitórias portistas vão sendo compartilhadas pelos leões – só pelo prazer de ver o odiado Benfica perder -, bastando olhar ao que se passou e Lisboa nas comemorações deste tri.
Compreende-se de algum modo a questão emocional, mas esta postura não encerra qualquer tipo de racionalidade, acabando por ser responsável, por omissão, por muito do que tem sido o futebol português. Exemplo disto foi a época 2004-05, em que com Pinto da Costa no banco dos réus, o Sporting e as suas vozes, ao invés de aproveitarem a ocasião para, juntamente com o Benfica, varrerem de vez toda a porcaria do futebol português, viraram agulhas para um rol de acusações ao Benfica, a Vieira e a Veiga, que acabou por beneficiar objectivamente o F.C.Porto, num momento em que este estava verdadeiramente de gatas, e em risco de tão depressa se não levantar. Resultado: o Benfica foi igualmente campeão, e o F.C.Porto reergueu-se, conquistando este tri, não sobrando nada para Alvalade.
Os sportinguistas deveriam reflectir sobre isto: Em 1982 o Sporting era claramente o segundo maior clube português, agora é claramente o terceiro…
T de TÍTULOS – Se o título de 2003-04, com Mourinho, foi de justiça indiscutível, mau grado as investigações terem incidido sobre essa época, outros houve em que as coisas não foram assim tão cristalinas. 85-86, 89-90, 91-92 e 92-93 foram temporadas em que a verdade desportiva foi completamente adulterada, e em que o campeão deveria ter sido, tem que se dizer, o Benfica. No final dos anos 90, já com o poder sedimentado, e fruto da desorganização interna do Benfica, a facilidade com que o F.C.Porto chegou ao penta não permite afirmar que, sem sistema, não fosse igualmente campeão. Mas a embalagem já era grande. Neste século as coisas melhoraram ligeiramente, mas ainda assim, as épocas de 2001-02 e 2002-03, talvez por haver um maior temor do Benfica pós-Vale e Azevedo, foram épocas de mentira. Lembram-se do Benfica-Sporting 2-2 apitado por Duarte Gomes (o afilhado de Guilherme Aguiar, então director executivo da Liga), ou do Boavista-Benfica 1-0 da semana seguinte apitado por Pedro Proença, em que Simão foi abalroado dentro da área sem que nada acontecesse ?.
A estratégia foi nesta fase sempre a mesma: beneficiar o F.C.Porto e prejudicar o Benfica nas primeiras dez jornadas (em que com menos dramatismo as coisas passavam melhor…), ganhar vantagem, e assim desmobilizar adversários e galvanizar acólitos. Quase sempre deu bons resultados.
U de ÚLTIMOS TEMPOS – A partir de 2004, fruto das vicissitudes do Apito Dourado, a situação melhorou consideravelmente. A incompetência dos árbitros naturalmente não desapareceu por magia, mas passou a haver a sensação de errarem para todos os lados de forma menos discriminada. Contudo, na época de 2004-05, a pressão anti-benfiquista e a respectiva tentativa de condicionamento foi tanta, que por pouco não tinha retirado o título aos encarnados na época de Benquerença, da roubalheira de Penafiel (Pedro Proença não quis ver quatro grandes penalidades !!), do penalti por marcar em Coimbra sobre Sokota, do golo limpo anulado a Nuno Gomes frente ao Marítimo com o resultado em 3-3, do agarrão pelas costas a Nuno Gomes com o Belenenses, do golo sofrido directamente de livre indirecto contra o Nacional, do penálti fantasma marcado por Jorge Sousa em Guimarães num salto de Romeu com Luisão, do penálti sobre Geovanni em Setúbal não assinalado com o resultado ainda em branco, e por outro lado, nos jogos dos dragões, de uma expulsão surrealista de Juninho Petrolina num jogo contra o Belenenses ainda na primeira parte, do golo de Fabiano nos Barreiros dois metros fora-de-jogo, do golo também off-side de McCarthy ao Penafiel em casa, do golo validado após falta de Jorge Costa sobre Ricardo no Porto-Sporting, das agressões impunes de McCarthy, Fabiano, Costinha e Jorge Costa, do penálti escamoteado a Lourenço no Restelo, do domínio com a mão de McCarthy no golo ao Rio Ave, etc etc.
Em 2006-07 o campeão podia ter sido o Sporting, não fosse o golo com a mão do Paços de Ferreira em Alvalade, e em 2007-08, caso os seis pontos tivessem sido retirados em tempo útil aos portistas, o campeonato poderia ter sido outro. Isto no pressuposto que o clube de Pinto da Costa não tinha descido à segunda divisão na época 2005-06, como teria acontecido se estivéssemos em Itália, França, Espanha, Alemanha ou Inglaterra, e a nossa justiça não tivesse um “quê” de tanzaniana.
Destaque nestas últimas épocas para as arbitragens do portuense Paulo Costa. Uma na Amadora há dois anos, e uma na Luz recentemente com o Leixões, em que ficou demonstrado existirem ainda resquícios de um tempo que se julgava já passado. Lucílio Baptista, particularmente nos dois últimos domingos, também mostrou algum zelo em deixar essa ideia bem vincada.
V de VERY-LIGHT – O termo entrou na história na sequência da final da Taça de 1995-96, em que um adepto irresponsável atirou um para a bancada oposta, matando um adepto do Sporting. Sem a mesma gravidade humana, mas com influência desportiva acrescida, houve um caso nas Antas (pois claro), pouco tempo depois, que raia o surrealismo. No momento da marcação de um penálti contra o Farense, com o resultado a zero, cai um very-light perto da cabeça do guarda-redes nigeriano Peter Rufai. Com ele total e naturalmente desconcentrado, Domingos atirou para o fundo da baliza e o árbitro validou inacreditavelmente o golo, perante os protestos dos atónitos jogadores algarvios. Este caso simboliza o motivo porque técnicos estrangeiros respeitados como Camacho, Koeman ou Trapattoni, sempre disseram ver o F.C.Porto ser muito “respeitado” nos estádios portugueses.
Nas Antas aliás passava-se de tudo. Em 1991 no jogo decisivo para o título, os jogadores do Benfica foram obrigados a equipar-se nos corredores, pois o balneário tinha sido empestado de um estranho cheiro aparentemente tóxico. Nesse dia o presidente João Santos e Gaspar Ramos foram ameaçados de morte pelo guarda-Abel, e a comitiva benfiquista foi apedrejada logo desde a saída do hotel, o que aliás era comum sempre que se deslocava ao Porto – ao contrário, diga-se, do que acontece em Lisboa, onde os jogadores do F.C.Porto se passeiam a pé livremente nas imediações do hotel Altis onde costumam pernoitar.
X de XISTRA – É um dos artistas da nova vaga. Nas últimas épocas realizou na Luz uma das arbitragens mais escandalosas de que me lembro ultimamente, em jogo do Benfica frente ao Estrela da Amadora no qual expulsou de forma alarve Miccoli, impedindo-o de jogar no Estádio do Dragão na jornada seguinte. Na época anterior viu e assinalou de forma anedótica um penálti a favor do F.C.Porto, quando um jogador do Marítimo cortou com a cabeça uma bola que ia para a baliza. O lance seria corrigido pelo árbitro auxiliar, mas mostrou bem porque é que Xistra começa por X.
Y de YURAN - Serguei Yuran, assim como Kulkov, Pedro Henriques, Panduru, Fernando Mendes, Silvino, Eurico, Maniche, Jankauskas, Dito, Rui Águas, Cândido Costa, Ovchinikov, Deco, Caju, Fonseca, Eduardo Luís, Romeu, Hugo Leal, Sokota, Paulo Santos, Sousa, Kenedy e alguns outros, foram jogadores que, nos últimos trinta e cinco anos, depois de alinharem no Benfica, se tranferiram para o F.C.Porto, nalguns dos casos em circunstâncias mais ou menos estranhas. Se a Deco ou Rui Águas o clube nortenho naturalmente pretendeu pela sua qualidade futebolística, outros há naquele lote que ninguém compreendia muito bem porque motivo eram contratados, suscitando a desconfiança mesmo entre os adeptos portistas.
Essas aquisições explicam-se à luz de uma estratégia que procurava um conhecimento privilegiado daquilo que constituia o interior do balneário rival. Contratando ano após ano um elemento do Benfica (mesmo que uma "estrela" como Caju ou Panduru), a estrutura portista mantinha-se por dentro de tudo o que se ia passando no Benfica, podendo assim explorar melhor, dentro e fora dos relvados, as eventuais fragilidades detectadas.
Com José Veiga, e as contratações de João Manuel Pinto, Argel, Drulovic, Zahovic, Marco Ferreira, Rodolfo Moura etc, tentou-se fazer algo semelhante no Benfica. Mas os resultados não foram aparentemente tão conseguidos.
Z de ZÉ PRATAS – Zé Pratas é da minha terra e é bom rapaz. Não creio que tenha estado alguma vez directa e decididamente ligado a corrupção, e talvez por isso nunca chegou a internacional. Chamo-o para aqui por me recordar de uma Supertaça disputada em Coimbra, na qual após assinalar um penálti, Fernando Couto correu metade do campo atrás dele, e ele sempre a recuar, a recuar, sem que sentisse força para tomar a atitude que se exigia: expulsar o irmão da actual directora executiva da Liga de Clubes.
Essa imagem, define bem o ambiente que se vivia no futebol português da altura. Como uma imagem vale mais que mil palavras (foto no início do post), essa espelhou bem o que era o medo e o poder. O medo terá entretanto desaparecido, mas o poder ainda prevalece. Até quando ?